NOMES DE SANTOS
No tempo dos meus avós, quando nasciam os filhos, havia em
muitas famílias o hábito de lhes dar o nome do santo do dia em que tinham
nascido, ou de outro santo do qual os pais fossem devotos. Assim também sucedeu
na família do nosso avô materno, Manuel Machete, o avô das Fontes.
A
mãe gostava muito de contar a história dos nomes dos seus irmãos, os nossos
tios, e eu sempre me encantei com estas histórias.
O mais velho do casal era o tio António Cipriano, assim
chamado por ter nascido no dia de São Cipriano; o tio João Ildefonso tinha o
seu segundo nome em honra de Santo Ildefonso; o tio Agostinho Silvano também
devia o seu nome a São Silvano; a tia Maria Segunda tinha o mesmo nome de uma tia, irmã da avó Silvéria e a nossa mãe, Teresa de Jesus, por ter nascido em
Outubro, teve o seu nome associado a Santa Teresinha do Menino Jesus.
Quando nasceu o tio mais novo da casa, sucedeu uma história
engraçada a propósito do seu nome. O tio Manuel, filho mais velho pelo lado
paterno, mas criado desde pequenino pela avó Silvéria com todo o seu carinho de
mãe, foi perguntar à avó qual o nome que iam dar ao menino. Como a resposta
fosse que ainda tal não estava destinado, resolveu dar a sua opinião. Então lá
foi dizendo que todos os outros irmãos já tinham nomes dos tios da família da
avó dos Barros e que o tio Francisco do Canto da Ponte, irmão do avô, estava “reinando”,
ou seja, aborrecido porque ainda não tinha nenhum com o nome dele.
E para satisfazer o desejo do tio Manuel, o nosso tio mais
novo recebeu o nome do tio paterno e chamou-se Francisco André, de todos o nome
mais bonito, embora os outros também fossem bonitos, como sempre com
muito orgulho (e com razão!...) a mãe o referia. E foi realmente uma família de
Machetes com nomes bonitos, compostos com o sobrenome “de Oliveira
Rodrigues”, da qual também sinto muito orgulho.
Embora, com muita pena, não tenha chegado a conhecer
pessoalmente todos os tios, é como se os tivesse conhecido, porque sempre
estiveram presentes nas histórias que a mãe nos contava, mesmo que na realidade
vivessem no outro lado do oceano, nessa terra imensa e encantada que é o Brasil
da nossa saudade. Os seus nomes hão-de ser para sempre lembrados, não só porque
fossem bonitos, mas porque são ramos da nossa história.
Funchal, 17-02-2018