NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
O dia oito de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Conceição,
era o primeiro dia da Festa e era também o dia da primeira Missa do Parto na
nossa Paróquia do Rosário. O senhor padre Teixeira não se limitava às
obrigatórias nove missas do parto e celebrava-as quase sempre até ao mês de
Janeiro, enquanto houvesse paroquianos devotos a solicitar a sua celebração.
A primeira Missa do Parto, no dia de Nossa Senhora da
Conceição, era sempre mandada celebrar pela prima Conceição e pelas suas
intenções.
A prima Conceição, que fazia anos neste dia e devia o seu
nome à Senhora da Conceição, tinha a devoção de todos os anos mandar celebrar
esta missa em sua honra. Era filha do tio Francisco do Canto da Ponte, irmão do
avô Manuel Machete das Fontes e deste modo, prima legítima da mãe e da tia. As primas nutriam entre si uma grande estima, por isso esta primeira Missa do
Parto era sempre revestida de um especial significado. Então, depois da
celebração da missa, era hábito a mãe e a tia irem a casa da sua prima comer
uma fatia de bolo e tomar um licor.
Por esta altura já se ia pensando na Festa.
Em casa, o pai destinava o dia da matança do porco, embora
desde sempre fosse o dia 18 de Dezembro; a mãe começava a pensar no dia em que
amassaria o pão da Festa, as broas de mel e o bolo preto, e o dia em que se ia
arrumar a casa, enquanto ia dizendo que não se poderia esquecer de deitar o
trigo de molho para as searinhas; os rapazes começavam a pensar onde haveria um
pinheirinho jeitoso para se enfeitar com bolas e espiguilhas; e eu ainda
pequena, só pensava nas cantigas ao Menino Jesus que iria cantar no coro das
pensadeiras na Missa do Galo.
Assim se começava a viver a nossa Festa do Natal!
Funchal, 08-12-2019
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