domingo, 18 de dezembro de 2016

Sempre Natal...

A ESTRELA DO NATAL

            A mais importante figura do nosso Natal era o Menino Jesus, porque nesse tempo o Pai Natal ainda não tinha chegado à nossa casa e talvez nunca lá tenha chegado a entrar.

Tudo era feito em louvor do Menino Jesus e para tudo se pedia a Sua ajuda.

O pão da Festa era amassado em louvor do Deus Menino e a Ele se pedia que o fizesse crescer depois de amassado, tendido e posto a levedar, antes de ser levado para dentro do forno; as searinhas também eram em honra do Menino Jesus para que abençoasse as novidades e nos ajudasse a ter fartura de trigo no ano seguinte e o mesmo se dizia dos peros rosados ou os de focinho de rato e das laranjas que em Seu louvor se colocavam na lapinha.

Mas a estrela do nosso Natal era sem qualquer dúvida a nossa mãe, embora nós, ainda pequenos, não nos apercebêssemos disso.

A mãe vivia intensamente o Natal, valorizando todas as tradições a ele associadas, desde as Missas do Parto ao verdadeiro significado do Dia de Festa, passando pelas romarias e cânticos da Noite de Natal.

A partir do Advento, quando as noites já eram bem longas e o serão depois da ceia ainda dava para gastar umas linhas no bordado, a mãe ia sempre buscar histórias e cantigas da Festa do seu tempo de mocidade e nós, à sua roda, ouvíamos embevecidos, rindo e fazendo perguntas. Deliciávamo-nos com as peripécias da Festa em casa do avô das Fontes; imaginávamos aquela romaria da Noite de Natal em que um grupo de rapazes levou uma barquinha pela igreja adentro até ao altar, com um melrinho a esvoaçar à frente, amarrado por um fio; víamos a mãe jovem, de mão dada com a nossa prima Virgília, ainda criança, a cantar ao pé do Menino Jesus (A pastora pequenina, ainda não sabe cantar, foi pedir à sua tia, para lhe vir ajudar!…) e junto com a mãe cantávamos as cantigas do seu tempo que nos ia ensinando.

Desde sempre ouvimos a mãe dizer-nos que o Natal era a festa das crianças, porque o Menino Jesus nasceu e fez-se criança como nós, mas era sobretudo a Festa da Família, e por isso não poderíamos esquecer todos os nossos familiares que já haviam partido.

Assim aprendemos e assim continuamos a sentir o Natal, lembrando a Festa da nossa infância com muita saudade e nostalgia, mas agradecendo ao Deus Menino por nos ter dado como exemplo de vida, a nossa mãe.

 

     
 
 

 

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