UM BRINDEIRO COM HISTÓRIA
Antigamente, quando se amassava o pão da Festa também se
tendiam brindeiros para colocar na lapinha de escadinha e para as avós
oferecerem aos netos mais pequenos.
A nossa mãe contava
que no seu tempo de pequena costumava ir aos Barros na primeira oitava, a casa
da sua avó materna, a avó Antónia. A avó oferecia um brindeiro a cada neto e
trazia também uma joeira cheia de laranjas e distribuía-as por todos eles.
A cada Natal que se passava na nossa casa, eu ouvia esta história
contada pela mãe, enquanto se amassava o pão da Festa. Para nós, enquanto
pequenos, a mãe costumava fazer uma rosquilhinha pequena para cada um, mas
ainda me lembro de quando a mãe também me fazia uma malinha de pão, a parte de
baixo enroladinha como um caracol e com uma asinha mais alta que dava para
levar na mão.
Já depois de todos adultos e quando eu ajudava a mãe a
amassar o pão da Festa, a mãe costumava fazer um brindeiro para oferecer à tia.
Na última vez que amassámos o pão da Festa na nossa casa, a
mãe fez três brindeiros, um para a tia, um para mim e um para Teresa. Parece que
ainda estou a ver a mãe com todo o cuidado a tender os brindeiros para que
ficassem bem feitinhos.
Depois
disso nunca mais amassámos porque ao ver a tia doente e sem poder fazer sozinha
a sua vida a mãe perdeu a vontade e aos
poucos o seu coração também se foi ressentindo.
Uns dois anos depois perdemos a mãe e logo de seguida
perdemos também a tia. Foi um Natal muito triste, sem aqueles dois pilhares que
sempre tinham sustentado a magia da nossa Festa.
Mas o brindeiro não se perdeu. Ficou tão bem cozidinho que nunca criou bolor e ainda hoje o coloco na minha lapinha.
Mas o brindeiro não se perdeu. Ficou tão bem cozidinho que nunca criou bolor e ainda hoje o coloco na minha lapinha.
Os últimos brindeiros feitos com amor e dedicação pelas
sábias mãos da nossa mãe.
Funchal, 24-12-2017
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