AO CÓNEGO ERNESTO FERNANDES DE
FREITAS
É com
a lágrima ao canto do olho que escrevo estas simples palavras.
Embora
já tivesse conhecimento da partida do Cónego Ernesto, um arrepio percorreu-me a
espinha mal comecei a ler a participação do seu funeral, sobretudo quando li
“fundador e professor do antigo Externato São Vicente” e aqueles dois versos
d’Os Lusíadas.
No meu
tempo de aluna do Colégio Externato São Vicente sempre olhava para o Cónego
Ernesto com muito respeito e admiração pela sua grande cultura e sabedoria e
pelo modo inteligente como a transmitia nas suas aulas. Com ele aprendi as
primeiras palavras na Língua Francesa, logo no primeiro ano do Ciclo
Preparatório; até hoje sei de cor a letra da canção “Aprés toi”, canção que
estava na moda nessa altura e foi ele que nos ensinou a cantar, pois também
sabia música, cantava e tinha uma belíssima voz. Mas é sobretudo como professor
de Português que o guardo na minha memória.

Será
sempre um orgulho ter sido aluna deste grande professor que me ensinou quase
tudo o que sei da minha língua materna, a Língua Portuguesa. Com ele aprendi a
venerar a poesia de Camões na sua suprema obra “Os Lusíadas”. Aqueles sumários,
fichas de trabalho que nos emprestava para analisarmos a obra nos seus principais
aspectos (ideológico, mitológico e gramatical), não esquecendo as figuras de
estilo que nos ensinou a descobrir, foram a base para o progressivo domínio do
Português e serão sempre uma grata e saudosa lembrança.
Nas
aulas do Cónego Ernesto aprendi a gostar de Literatura, desde Alves Redol e o
seu “Constantino, guardador de vacas e de sonhos”, a Gil Vicente com a “Farsa
de Inês Pereira”, passando por Eça de Queirós e os seus “Contos” que com gosto
e empenho lemos e analisámos, bem como todos os outros autores portugueses que
estudámos na nossa querida Selecta Literária, o nosso livro de Português.
Também
devo a este excelente professor o domínio que hoje tenho sobre a Gramática
Portuguesa. Eu adorava quando nos ensinava o porquê de determinadas palavras se
escreverem desta e não daquela maneira. O Cónego Ernesto tinha grandes
conhecimentos do Grego e do Latim e explicava-nos a origem da nossa Língua e
todos aqueles fenómenos de formação e evolução das palavras.
Nos
últimos anos costumava conversar com ele quando às vezes o encontrava na Igreja
de São Pedro. As nossas conversas eram sempre sobre o Português, o Novo Acordo
Ortográfico e a Nova Terminologia da Gramática. Eram sempre pequenos momentos
interessantes e, se mais tempo houvesse mais teríamos para conversar.
Saiba,
Senhor Cónego Ernesto, que mesmo não estando mais entre nós, será sempre uma
referência na minha vida e nunca esquecerei todas as coisas boas que me ensinou
e que eu com todo o gosto sempre aprendi.
Para
mim foi um privilégio ter sido sua aluna e ser-lhe-ei eternamente grata!...
Senti o mesmo quando soube da triste notícia.
ResponderEliminarTambém tenho uma grande admiração pela pessoa e pelo grande professor que foi.
Provavelmente fui sua colega no colégio, no 4º e 5º ano (antigos), em 1976/77 e 77/78. O professor Jaime, que lecionava Geografia e a D. Lucinda Andrade, que lecionava Francês, Matemática e Físico-Química, também são inesquecíveis. Tudo de bom para si e continue a escrever.
Eu fiz o meu 5ºano em 1976/77.
ResponderEliminarTambém tive Geografia com o professor Jaime e Francês, Matemática e Físico-Química com a D.Lucinda. Certamente fomos colegas mas em anos diferentes.
Tudo de bom para si.