domingo, 6 de março de 2016

O nosso Pedro


Pedro, o nosso irmão mais velho

Nasceu no dia de São Pedro, a 29 de Junho de 1952; como a mãe sempre dizia, trouxe o nome já com ele. Era ainda pequeno do colo quando o pai embarcou para o Brasil. Cresceu mimado por todos: era o menino da avó Serafina, da tia, dos avós das Fontes, da prima, da madrinha...mas era sobretudo o menino da mãe. Foi filho único até aos nove anos, quando nasceu a menina, a Ângela Serafina, após o regresso do pai, que então estivera emigrado no Curaçau.

Era uma criança inteligente e com bom ouvido musical, pois com apenas seis anos aprendeu a tocar gaita sozinho e a primeira música que tocou foi “O bailinho das couves”, como a mãe sempre contava. Quando fez exame da quarta classe, a avó Serafina queria que fosse estudar no Seminário, mas Pedro que sempre foi agarrado à mãe preferiu ficar em casa ajudando o pai.

Todos crescemos sabendo do amor especial que a nossa mãe tinha por ele, o que para nós era muito natural, porque era o nosso irmão mais velho e todos gostávamos muito dele. A mãe falava de Pedro sempre com os olhos a brilhar e muitas vezes vimos as suas lágrimas, quando no seu tempo de tropa se despedia, ao domingo, para ir para o quartel…

Quando aconteceu o 25 de Abril, estava a cumprir serviço militar no Porto; foi uma agonia em casa porque durante vários dias não soubemos dele. Todas as semanas chegavam cartas dele, uma em nome da mãe e outra no meu nome, pois eu com doze anos apenas, também lhe escrevia e contava-lhe tudo o que se passava na nossa casa.

Quis o destino que fosse tentar a vida na Venezuela. Foi lá que formou a sua família. De vez em quando escrevia uma carta e sempre perguntava à mãe como estavam os pequenos que éramos nós. Após quinze anos veio pela primeira vez à Madeira e então pôde constatar que afinal os pequenos já eram todos adultos. Foi o melhor Natal de sempre, em que estivemos todos juntos.

No dia 11 de fevereiro de 2015, lá na Venezuela, ao lado da mulher, filha e netos, o nosso Pedro partiu para a vida eterna, ao encontro da nossa mãe que certamente o recebeu de braços abertos.

 

Funchal, 13 de fevereiro de 2015

 

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