quarta-feira, 30 de março de 2016

Sol de verão...


DIAS DE CALOR 

Nestes dias de sol e calor intenso, muitas vezes lembro-me da mãe.

A mãe não gostava mesmo nada do inverno: por causa da chuva, porque assim não podia ir ao Lombo ou às Fajãs, do frio que a obrigava a andar agasalhada e lhe punha roxa a ponta do nariz e também pelas noites grandes as quais, como ela mesma dizia, demoravam muito e parecia que nunca mais o dia clareava.

Então, quando o tempo aquecia mesmo, dizia com ar satisfeito que assim já podia andar de manga curta e os braços já podiam apanhar sol. E de lenço na cabeça, amarrado na nuca, lá ia para os seus afazeres, nas Fajãs ou no Lombo. Chegava a casa vermelha e acalorada, dizendo “que calmaria!...”.

Depois de descansar um bocado, aproveitava que estava muito calor e sentava-se a bordar debaixo da vinha, naquele banco improvisado que o pai havia arranjado com um rolo de tronco de pinheiro. Se estivesse sozinha, só com a gente por ali à sua roda, punha-se a cantar o que lhe viesse à cabeça, as cantigas do São João, do Max ou das Missas do Parto e do Natal; também contava histórias e acontecimentos de quando era mais nova, mas se tivesse a companhia de alguma vizinha aproveitava para por a conversa em dia.

Ai que saudades!...

 

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