sábado, 27 de fevereiro de 2016

Canja, chá ou laranjada...


A CASA DE CHÁ

Na Festa do Rosário não podia deixar de haver a Casa de Chá, cujos lucros revertiam para a igreja. Normalmente era organizada por um grupo de raparigas solteiras, coadjuvadas por algumas jovens senhoras. Ali o ambiente era mais selecto: servia-se principalmente canja, sandes de galinha com pão de casa, bolo às fatias e laranjada; nada de vinho ou cerveja que eram bebidas para homens e não indicadas para senhoras.

Eu gostava de ver as raparigas de bandeja na mão, a servirem às mesas. Achava graça ao modo como estavam vestidas, de saia preta, blusa branca e avental branco amarrado atrás com um laço, deixando caídas as pontas. Eu olhava principalmente para o avental, gostava muito do tecido levezinho e do folho em toda a volta, e alimentava o desejo de que também um dia quando crescesse, iria ajudar na Casa de Chá, vestida com aquele traje.

E realmente assim aconteceu. Depois de mais crescida, quando já estudava no Colégio de São Vicente, também me coube, por mais do que uma vez, ajudar a servir à mesa, usando aquele mesmo uniforme que desde pequena sempre desejara.

Entretanto, com o decorrer dos tempos, o povo deixou de interessar-se e já há muitos anos não se faz Casa de Chá na Festa do Rosário, o que é pena, pois era uma iniciativa muito interessante. Os interesses da juventude são outros, o espírito colaborativo em comunidade também é diferente e a tradição já não é o que era!...   

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!...

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