A
CASA DE CHÁ
Na Festa do
Rosário não podia deixar de haver a Casa de Chá, cujos lucros revertiam para a
igreja. Normalmente era organizada por um grupo de raparigas solteiras,
coadjuvadas por algumas jovens senhoras. Ali o ambiente era mais selecto:
servia-se principalmente canja, sandes de galinha com pão de casa, bolo às fatias
e laranjada; nada de vinho ou cerveja que eram bebidas para homens e não
indicadas para senhoras.
Eu gostava de ver
as raparigas de bandeja na mão, a servirem às mesas. Achava graça ao modo como
estavam vestidas, de saia preta, blusa branca e avental branco amarrado atrás
com um laço, deixando caídas as pontas. Eu olhava principalmente para o
avental, gostava muito do tecido levezinho e do folho em toda a volta, e
alimentava o desejo de que também um dia quando crescesse, iria ajudar na Casa
de Chá, vestida com aquele traje.
E realmente assim
aconteceu. Depois de mais crescida, quando já estudava no Colégio de São
Vicente, também me coube, por mais do que uma vez, ajudar a servir à mesa,
usando aquele mesmo uniforme que desde pequena sempre desejara.
Entretanto, com o
decorrer dos tempos, o povo deixou de interessar-se e já há muitos anos não se
faz Casa de Chá na Festa do Rosário, o que é pena, pois era uma iniciativa
muito interessante. Os interesses da juventude são outros, o espírito colaborativo
em comunidade também é diferente e a tradição já não é o que era!...
Mudam-se os
tempos, mudam-se as vontades!...
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