sábado, 20 de fevereiro de 2016

O gosto por viagens

Como gosto de viajar!

Desde bem pequena me habituei a ouvir falar de outras terras e outros países o que despertava em mim uma enorme curiosidade. O pai sempre contava histórias do Brasil e do Curaçau e eu punha-me a imaginar como seriam esses lugares e como seria viver lá.


Uma história que trago sempre na minha memória foi o passeio que a madrinha e o padrinho fizeram a Lisboa quando eu tinha talvez uns cinco ou seis anos. Quando chegaram da viagem a madrinha trouxe um bocado de fazenda para a mãe me fazer um vestido e também trouxe alguns postais dos lugares por onde passearam. Eu ouvia com muita atenção a madrinha a contar as belezas desses lugares. Pela primeira vez ouvi falar da imponência do Arco da Rua Augusta que a madrinha associava com o seu próprio nome que também era Augusta, da imensidão do Terreiro do Paço com a estátua de D. José, mas sobretudo da beleza da fonte luminosa na Alameda D. Afonso Henriques que segundo dizia, era de uma indescritível beleza; não me escapou também o Palácio de Vila Viçosa e o Rio Nabão na cidade de Tomar onde o Arturinho havia estudado para piloto da Força Aérea. Guardei todos estes nomes na minha memória e o desejo secreto de também um dia os vir a conhecer.

Entretanto, chegavam pelo correio os postais do tio Agostinho que trabalhava num navio e viajava pelo mundo todo. Uma vez o tio mandou  um postal do Japão e uma fotografia sua na cidade de Tóquio; depois chegou um postal com uma japonesa muito bonita que consoante a posição em que colocássemos o postal, fechava um olho como se estivesse a namorar, o que nos arrancava enormes gargalhadas; quando alguma vizinha vinha à nossa casa a mãe mostrava o postal e todos ficavam muito admirados. De quase todos os portos em que o navio atracava, o tio mandava um postal ou fotografia: da Argentina, do Perú, do Chile e da América, onde por uma vez se encontrou com a tia Joana, irmã da avó Silvéria.

Um pouco maior, quando já andava no colégio, adorava as histórias que a D. Lucinda Andrade, minha professora de Francês, contava sobre as viagens que tinha feito pela Europa, mas principalmente a sua viagem a França. Eu sabia o nome dos principais monumentos de França mesmo sem nunca lá ter ido, e imaginava a sua beleza, pelo modo entusiástico e sentido como a D. Lucinda nos descrevia todos os pormenores.

Todas estas histórias aguçavam-me cada vez mais o tal desejo, só meu, de um dia conhecer estes lugares e ver com os meus próprios olhos as maravilhas que eu ouvira e guardara na minha memória.

No último ano do Curso do Magistério Primário chegou o tão desejado dia de fazer a minha primeira viagem, uma visita de estudo pelo continente. Então tive a oportunidade de conhecer todos aqueles lugares que eu imaginara só de ouvir falar deles, naquela viagem que a madrinha e o padrinho fizeram quando eu era ainda uma criança, curiosa e ávida por saber e aprender.

Depois vieram outras viagens, como a viagem a Itália onde pude conferir tudo o que havia aprendido sobre o Império Romano, na disciplina de História.

Mas a viagem que adorei foi, sem qualquer dúvida, a minha viagem a Paris. Nesta viagem lembrei-me muitas vezes da D. Lucinda e das nossas aulas de Francês. De todas as belezas que vi, a que mais profundamente me tocou foi a Sainte Chappelle que é realmente uma pequena maravilha, tal como, com toda a sua alma, nos havia contado a D. Lucinda.

Com histórias tão bonitas que ouvi quando era pequena, seria impossível não gostar de viajar!...

 
 

 

 

 












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