A FESTA DO
ROSÁRIO
A
azáfama começava duas ou três semanas antes com as idas à costureira para
acertar o vestido novo a ser estreado no domingo do Rosário.
A
festa a sério começava na sexta-feira com a amassadura do pão e às vezes a mãe
fazia bolos de noiva. A mãe levantava-se de madrugada para amassá-los porque
demoram muito tempo a levedar. Quando nos levantávamos já o forno estava aceso
e a cozinha cheirava a limão e a canela.
À tarde, depois do pão cozido, íamos à Capela
Velha ver as barracas de quinquilharias que já estavam montadas.
No
sábado de manhã tínhamos que apastorar a casa antes do meio-dia para irmos ver
a girândola; quase sempre íamos ao Lombo do Cantaria ou ao Lombo quando havia
mais tempo.
Durante
a tarde chegava a banda de música à ponte, acompanhando o grupo que recolhia as
ofertas para o Bazar da igreja. Era sempre uma grande emoção ouvir a Banda
tocar o hino em frente à venda do padrinho, o senhor Faria.
À
tardinha apastorávamo-nos e íamos para a festa. A mãe avisava sempre para irmos
à novena o que nem sempre acontecia. Aproveitávamos e íamos passear pela ponte
adentro a ver o que gostávamos de comprar nas barracas de quinquilharias: um
relógio custava 5$00, um anel 2$50…havia também as bonequinhas articuladas, mas
o que eu gostava mesmo era das bolas de farelo muito brilhantes e coloridas que
custavam 1$50.
Depois
da novena a mãe chamava-nos todos, íamos à venda do senhor Agostinho Serafim e
cada um tomava uma laranjada pela garrafa…era uma sensação única sentir aqueles
piquinhos no nariz!...

Ao
fim do dia sentia uma certa tristeza ao ver as barracas de quinquilharias a
serem desmontadas e o Rosário voltava a ser o que era antes da festa.
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