segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Um café cai sempre bem...

 
CHEIRO DE CAFÉ

            Desde pequenos sempre fomos habituados com o cheirinho de café na nossa cozinha. A mãe, que gostava de ser madrugadora e era sempre a primeira a se levantar, punha logo a panela ao lume e fazia o café. Era cevada misturada com café do bom e nós já acordávamos com aquele cheiro delicioso invadindo toda a casa. Quando chegávamos à cozinha já estava a cafeteira em cima da mesa à nossa espera e todos, do maior ao mais pequeno, bebíamos o nosso café com pão fresco e estaladiço, comprado na venda do padrinho que bem o cedo tinha ido buscar, em grandes cestos de vimes, lá abaixo à padaria do senhor Horácio. Depois da matina, a cafeteira continuava em cima da mesa e tínhamos café durante todo o dia.

E assim foi sempre ao longo dos anos. Mesmo depois de todos nós termos crescido e de cada um ter cuidado da sua vida, a mãe continuou a fazer o seu café todos os dias pela manhã. Agora já o colocava dentro da garrafa térmica para estar sempre quente. Quando um de nós chegava a casa, a mãe dizia-nos logo que tinha café feito. Se viesse alguma vizinha era convidada a sentar-se e a tomar um cafezinho. O café da Teresinha era sempre muito especial e a mãe gostava mesmo muito de oferecer uma chávena de café a quem viesse à nossa casa.

Esta manhã, ainda meio adormecida, veio-me ao pensamento o café da mãe, acompanhado por uma saudade imensa, sem medida. Imaginei-me a chegar a casa e a mãe a dizer-me para tomar um cafezinho enquanto o almoço não estivesse cozido.
  
 Um dia destes hei-de comprar cevada, vou fazer café na panela, e já sei de antemão que quando estiver a bebê-lo estarei a pensar na mãe.
 

  

 

 

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