DOCE DE TOMATE
Em São Vicente no Verão, quase toda a gente tinha a sua
caseira de tomateiros, pelo que havia tomates em abundância. O padrinho
trazia-os lá da fazenda da Terra Velha e a madrinha chamava-me sempre para
ajudar a fazer o doce. Punha os tomates no alguidar de barro na pia da rua,
deitava-lhes por cima água a ferver e o meu trabalho era com todo o cuidado
tirar-lhes a pele. Depois tirávamos as sementes e era posto com o açúcar na
panela, a cozer a lenha. Quando já estava quase no ponto de estrada a madrinha
juntava-lhe uma rachinha de canela. Ficava uma delícia e tenho sempre na minha
memória o aroma que exalava por toda a cozinha. É um dos meus doces
preferidos.
Uma das coisas de que gosto muito é pão com doce. Sempre
tenho doce em casa e embora me contenha porque sei que o açúcar não é benéfico
para a saúde, não deixo de comer o meu pãozinho com doce ao pequeno-almoço do
fim-de-semana. Até costumo dizer que devo ter uma costela francesa, pois os
franceses são especialistas na confecção de doces e compotas. Ainda nestas
férias, em que andei pela região da Provence, me deliciei vendo aquelas
lojinhas com as prateleiras cheias de frascos de doce, todos muito bem
arrumadinhos.
Esta manhã, ao pequeno-almoço, comi pão com doce de tomate
feito pela minha irmã Teresa, que mais do que eu tem queda para a cozinha.
Inevitavelmente, e sempre que se fala em doce de tomate, lembrei-me do que a madrinha
fazia em casa.

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