quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Falando de nozes


A RESPEITO DE NOZES…
 
            Estando eu ali há pouco a partir umas nozes de São Vicente, lembrei-me do meu tempo de pequena.
 
Nas nossas terras das Fajãs tínhamos várias árvores de fruta: pereiros e macieiras, muitas ameixieiras, pereiras, um damasqueiro e alguns pessegueiros, uma ou duas cerejeiras cujas cerejas eram tão poucas que só os melros as comiam e vários castanheiros; só não tínhamos uma nogueira. Então a mãe dizia-nos sempre que como não tínhamos nogueiras, não queria nozes em casa. Dizia-nos isto que era para não irmos para as terras alheias buscar o que não era nosso e porque não devíamos cobiçar os bens dos outros. No entanto, embora não tivéssemos nogueiras, sempre havia alguém que nos trazia nozes, porque como tínhamos muitos castanheiros, também dávamos castanhas a quem não tivesse. Entretanto, o pai que sempre gostou de plantar árvores de fruto plantou uma nogueira, a qual depois de alguns anos começou a dar nozes e ainda lá continua.
 
Também me veio à lembrança, as vezes em que a madrinha me punha a partir as nozes para fazer o bolo de noz ou o bolo de caramelo, principalmente pela Festa ou pelo Espírito Santo; eu partia-as com um martelo de madeira, usado para bater os bifes mas que também dava muito jeito a partir as nozes. Era preciso muita paciência, porque ainda demorava algum tempo até que se tivesse a quantidade necessária para fazer o bolo. Depois ainda faltava moê-las com o moinho de mão, que a madrinha colocava, bem apertado para que não se soltasse, na beira da mesa da cozinha.


 
E o meu pensamento continua naquela nogueira grande que o padrinho tinha lá em cima nas Covas, mesmo à beira da estrada. Não sei se secou, mas penso que ainda lá deve estar no meio das outras árvores; certamente ainda dá nozes e alguém deve levá-las para casa, mesmo sabendo que aquela nogueira não é sua ou então, pensando que não tem dono.
 
Como diria a mãe, “os tempos são outros!”.
 
 

 

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